A engenharia tem papel decisivo na construção de cidades mais justas, seguras e acessíveis. Segundo Ricardo Chimirri Candia, a responsabilidade do engenheiro vai além da técnica: envolve um compromisso ético com o bem-estar coletivo e a promoção da inclusão social. Projetos que consideram a diversidade humana e as desigualdades estruturais contribuem de forma concreta para a melhoria da qualidade de vida nas comunidades, sobretudo nas periferias urbanas e áreas de vulnerabilidade.
A inclusão social na engenharia se manifesta em múltiplas dimensões, desde o planejamento urbano acessível até o saneamento básico, passando por mobilidade, habitação e infraestrutura comunitária. Com isso, a engenharia torna-se um instrumento eficaz de transformação social e equidade. Leia mais abaixo:
Engenharia e inclusão social: acessibilidade como pilar do projeto urbano
A acessibilidade universal deve ser um princípio estruturante de qualquer projeto de engenharia voltado ao espaço público. Rampas, sinalização tátil, pisos podotáteis, elevadores acessíveis e calçadas com dimensões adequadas são elementos para garantir que todas as pessoas possam usufruir dos espaços urbanos de forma segura e autônoma. Como ressalta Ricardo Chimirri Candia, a ausência desses recursos compromete o direito de ir e vir de pessoas com deficiência, idosos e mães com carrinhos de bebê.

Projetar com acessibilidade exige mais do que cumprir normas técnicas. Envolve sensibilidade social, empatia e compreensão das diferentes realidades humanas. A adoção de metodologias participativas, como consultas públicas e oficinas com usuários, permite identificar as barreiras reais enfrentadas no cotidiano e propor soluções eficazes. Além disso, a acessibilidade deve ser considerada desde a etapa de projeto, para evitar adaptações tardias e onerosas.
Engenharia para o saneamento e a dignidade
O acesso ao saneamento básico é um dos principais indicadores de inclusão social, e a engenharia desempenha papel central nessa agenda. Milhões de brasileiros ainda vivem sem acesso adequado à água tratada, coleta de esgoto e drenagem urbana, o que acentua desigualdades e afeta diretamente a saúde pública. De acordo com o engenheiro Ricardo Chimirri Candia, investir em infraestrutura sanitária é investir em dignidade, prevenção de doenças e redução de gastos com saúde pública.
Projetos de engenharia voltados ao saneamento devem priorizar regiões de maior vulnerabilidade social, respeitando o território e envolvendo a comunidade nas soluções. Tecnologias sociais, como sistemas de tratamento descentralizado, cisternas e módulos sanitários, são alternativas viáveis em áreas de difícil acesso. A engenharia socialmente orientada considera também a viabilidade econômica, a manutenção pelos próprios moradores e os impactos positivos na autoestima da população beneficiada.
Participação social e engajamento comunitário
A inclusão social na engenharia também passa pelo engajamento direto das comunidades na definição e acompanhamento das obras. Projetos que ignoram a realidade local correm maior risco de rejeição, abandono ou subutilização. Conforme informa Ricardo Chimirri Candia, a escuta ativa da população favorece a legitimação das intervenções, melhora a aderência das soluções e amplia o senso de pertencimento dos moradores em relação aos equipamentos públicos.
Ferramentas como audiências públicas, mapeamentos colaborativos, comitês de acompanhamento e projetos educativos fortalecem a interação entre técnicos e sociedade. Essa aproximação não apenas qualifica as decisões, como também fortalece a cidadania. A engenharia, nesse contexto, deixa de ser uma atividade distante da população e passa a atuar como mediadora de direitos, necessidades e oportunidades. Projetos participativos costumam apresentar maior eficácia, durabilidade e impacto positivo no território.
Em conclusão, a engenharia voltada para a inclusão social representa um avanço civilizatório e um compromisso com os valores democráticos. Incorporar critérios de acessibilidade, dignidade e participação comunitária não é apenas uma exigência legal ou técnica, mas uma escolha ética que reflete o tipo de sociedade que queremos construir. Para Ricardo Chimirri Candia, o engenheiro que compreende essa missão amplia seu papel, tornando-se um agente ativo de transformação social.
Autor: Stanislav Melnikov